
Passando alguns dias em São Paulo, mais precisamente na aprazível, bela e desenvolvida cidade de Sorocaba, me chamou muito a atenção o estado quase que impecável das principais ruas, avenidas e praças. A sensação era literalmente de estar num outro país, no continente europeu.
Vias pavimentadas com asfalto de primeiríssima qualidade e espessura, sem buracos, cidade extremamente limpa – não se vê lixo algum pelas ruas – organizada, bem sinalizada, um comércio pujante e uma população certamente bastante exigente fazem da cidade paulista uma das melhores cidades do Brasil para se viver.

Feitas estas breves considerações, inevitavelmente sou obrigado a cair na real e me lembro da minha querida Porto Seguro, a cidade que escolhi para viver, cujo conceito de administração pública razoavelmente eficiente foi e está sendo completamente desvirtuado nos últimos anos, independente de quem tenham sido os eleitos. Sim, porque se juntarem os últimos 5 ou 6 prefeitos que passaram – e estão passando – certamente não dá meio prefeito sorocabano. Não dá mesmo. Essa conta simplesmente não fecha.

PROMISCUIDADE ELEITORAL
Infelizmente Porto Seguro virou um verdadeiro covil de gestores salteadores, cidade infelizmente suja, mal organizada, entupida de buracos, e habitada por uma população que perdeu completamente a lógica eleitoral, ao se contentar com tão pouco ou o quase nada feito pelos gestores.
A cidade simplesmente perdeu a capacidade de se indignar. Porto Seguro é a cidade que é esfoliada ano após ano e a grande maioria da população ainda chama os gestores de “inteligentes e preparados”, “meu prefeitão” ou “minha prefeitona” nas redes sociais, apenas para bajular.

Em nossa cidade, que arrecada 1 bilhão de reais por ano, basta o gestor fazer uma obrinha aqui e outra acolá – sempre superfaturadas - para a população se dar por satisfeita, demonstrando o quanto é conivente com os desmandos administrativos.
Só a título de comparação, o valor da coleta do lixo saltou nos últimos 4 anos de algo em torno de 12 milhões de reais por ano para nada menos do que 60 milhões, ou seja, o preço quintuplicou. E o serviço, inacreditavelmente, só piorou. Mas isso não é um prefeito, é um pai, dirão os lambe botas de plantão.

DE MAL A PIOR
Ao contrário de Sorocaba, saúde, educação, segurança pública, transporte público, mobilidade urbana e turismo qualificado, nada disso parece mais interessar à população. O que realmente importa é que o prefeito de plantão – ou a prefeita – lhes dê ao menos uma migalha do que é surrupiado dos cofres públicos. Ou que lhes dê ao menos um empreguinho, de preferencia daqueles que não exigem a presença diária na prefeitura. E a cidade que literalmente se lixe.
Enfim, Porto Seguro não tivesse uma vocação turística, muito mais pela sua própria história e pelo descobrimento do Brasil, se dependêssemos apenas de nossos próprios esforços ou escolhas, certamente pelo cuidado e pela eficiência administrativa é que a cidade não seria o que é hoje no cenário nacional e internacional.

Para se pensar. Ou não?