De vez em quando, surgem por aí leitores com capacidade de interpretação comparável à de uma porta trancada. Gente que jura, com a convicção dos bem desinformados, que eu sou “contra” o prefeito Jânio Natal. Mentira de manual. Fake news com mais ar que conteúdo. Nada a ver.
Mas como agora o boato ganhou as cores de um boi de carnaval — dizendo que JN pode ser vice-governador na chapa do eterno pré-candidato e eterno derrotado ACM Neto — vamos acabar com o suspense: sou declaradamente a favor.
Apoio essa candidatura com o entusiasmo de um padeiro que vê a concorrência pegar fogo. Sou JN desde o berçário, pelo menos nessa missão de despachar o prefeito para Salvador. Apoio junto, misturado e emoldurado com toda a fauna política que gira em torno do seu guarda-chuva — gente que só vê luz quando é farol de Brasília.
MAS COM UMA ÚNICA CONDIÇÃO
Mas, como todo bom negócio, há uma cláusula pétrea para receber o meu apoio: JN precisa se mudar de vez para Salvador. Não é bate-volta, não é estadia de hotel. É fixar domicílio, endereço e contas de luz na capital. E, antes de partir, passar a coroa e a caneta (que só existem no folclore da cidade e na propaganda oficial) para Paulinho Toa Toa — caso o STF não resolva primeiro encerrar a temporada.
Feito isso, Porto Seguro descobrirá duas verdades que já estão na cara.
A primeira: JN já é, na prática, prefeito em home office — só que com sede na capital. É como ter um médico que só atende por chamada de vídeo… e sem ligar a câmera. A ausência dele, convenhamos, não mudaria quase nada.
A segunda: Paulinho, o Zé dos Cargos, entende de administração pública na mesma medida que um tatu entende de astronomia. Sua posse seria uma viagem expressa para trás. Mas para ele e seus aliados, seria um salto triplo para frente — especialmente no caixa. Sim, ao menos de caixa, dizem, Paulinho virou fera, já que além de vice prefeito e namorador, realizou o antigo sonho de se tornar o rei da noite.
O GRANDE FEITO DE PAULINHO
E sim, Paulinho já fez “algo” pela cidade, além de se tornar o mais fiel e solícito cordeirinho do prefeito: ajudou a preservar e obrigou todos os barraqueiros de praia a reformar suas barracas. Todos, menos ele mesmo. A sua, a famosa Barraca Toa Toa, continua no modo vintage, junto com a Axé Moi, no esporte olímpico de ignorar acordos com o MPF, a SPU e o Iphan.
Portanto, está lançado o meu desafio: se JN cumprir esse acordo e mudar-se de vez para Salvador, convocarei toda a cidade para apoiá-lo, ganhe ou perca. Porque, às vezes, o resultado das urnas é irrelevante. O que importa é quem deixa a chave na portaria.
No fundo, é simples: se for para ser vice, que seja vice em Salvador. E que Porto Seguro, finalmente, tenha um prefeito de corpo presente.