AIMPRA

 

De vez em quando, recebo mensagens de almas bem-intencionadas — ou nem tanto — sobretudo dos puxa e dos babas de plantão, exigindo que eu seja “imparcial” nas minhas “informações”. Eles realmente  não conseguem  ou não querem entender o que significa um contraponto ao mundo da ilusão e do faz de conta em que vivem.  É aquele tipo de conselho que, na prática, vale menos que promessa de político em campanha: bonito de ouvir, inútil de aplicar.

 

Vamos combinar: imparcialidade é a fada do dente do jornalismo. Todo mundo fala dela, mas ninguém nunca viu. Eu não sou imparcial, porra nenhuma,  nunca fui e, graças a Deus, nunca serei. Se algum dia eu resolvesse brincar de imparcial, este blog viraria um cadáver digital em questão de semanas — porque blog é opinião pura. É um lugar onde o autor escreve o que pensa, e não o que um manual de redação cheio de patrocinadores gostaria que ele pensasse.

 

IMPARCIALIDADE É IGUAL OVNI, TODOS FALAM MAS NINGUEM VÊ

 

Já jornais e grandes portais vivem da encenação. Vendem a ideia de “informação neutra” enquanto seguem a coreografia do dinheiro que paga as contas. É um teatro em que a “imparcialidade” é o cenário pintado no fundo. Basta ver: Globo, CNN Brasil, Jovem Pan — cada um com seu lado, cada um com sua cartilha, todos beijando a mão dos próprios anunciantes. É a velha história: quem paga a banda, escolhe a música.

 

No jornalismo do interior, então, nem disfarce tem. O negócio é de sobrevivência. E a primeira coisa que morre afogada nesse mar de boletos é justamente a tal imparcialidade. A segunda é a ilusão de que algum dia ela existiu. Eu, que já vi e comandei redações por dentro, posso garantir: imparcialidade é igual OVNI. Sempre tem alguém dizendo que viu, mas nunca aparece prova.

 

PEIXE NÃO ANDA DE BICICLETA

 

Portanto, cobrar imparcialidade de mim é como exigir de um peixe que ele ande de bicicleta: injusto, inútil e, francamente, ridículo. Ainda mais agora, quando escrevo muito mais por prazer e indignação do que por necessidade financeira. Anunciantes? Quase zero. O único que sobra é uma prefeitura, com um contrato tão modesto e ridículo que, se acabar, mal dará para sentir falta. E banners pagos? Raridade; quando aparecem, quase sempre são gratuitos.

 

Pergunto: por que diabos eu teria que ser imparcial? Para agradar quem se incomoda com o que lê? Para fabricar um texto sem sal, sem cheiro e sem vida, daqueles que não ofendem ninguém justamente porque não dizem nada? Não, obrigado. Esse não é o Miro, ex-Topa Tudo. E inda eu sou das antigas, aluno da escola de JR.Guzzo, falecido  n a semana passada e que para mim foi o maior articulista político da nossa imprensa  contemporânea. 

FIDELIDADE SÓ  AOS FATOS

 

O que garanto é outra coisa: fidelidade aos fatos. Se errar, que é humano, terei a humildade de admitir. Fora isso, serei parcial — o mais parcial possível — honesto primeiro com Deus, depois comigo e, se sobrar espaço, com quem lê.

 

Quem não gostar, não precisa dramatizar. É só fechar a aba do navegador e ir ler um desses veículos “imparciais” que vivem jurando que não têm lado, tipo aquela página de memes que surgiu um pouco das eleições,  e que logo em seguida se vendeu pro prefeito,  hoje totalmente  sem graça e egocêntrica,  e cujo autor, zero à esquerda na informação,   ainda acha que entende alguma coisa de política ou que possue fontes confiáveis… enquanto servem, quentinhas, as opiniões do lado que paga a conta.