tempos

 

Resolvi, por um tempo, deixar de lado certas polêmicas. Não por medo, mas por cansaço. Acreditei que poderia viver no meu canto, em silêncio, quietinho e observando de longe o desfile de absurdos. Mas é difícil, ainda mais para quem, como eu,  tem TDHA. A indignação, para alguns, não é opção: é compulsão. Volto, portanto, com minha pena em punho e um velho blog nas mãos. Sim, blog. Não jornalismo. Há quem não saiba separar e confunda as coisas. Um blog é uma fogueira de ideias pessoais. Jornalismo, ao menos o que se levava a sério, exige mais. Muito mais.

 

Sou das antigas. Daquelas madrugadas de sexta-feiras  em claro para rodar o jornal impresso e entregar fresquinho no sábado pela manhã.  Nessa condição, por mais de 15 anos conheci os bastidores do poder local como poucos. Sei bem como a engrenagem gira, quem gira junto e quem finge estar parado. Também sei, por experiência, que falar verdades por aqui é pedir para ser malquisto. Mas vá lá. Nem todo mundo nasceu para bater palmas e calar.

 

Alguns leitores, como o meu amigo Cezar Aguiar e o jornalista  Geraldinho Alves,   dizem que escrevo demais. Que ninguém quer mais saber de textos longos, de ideias encadeadas, de reflexões que exigem mais do que 140 caracteres. Querem memes. Querem frases de efeito. Querem o óbvio mastigado. Que pena. Ainda insisto na palavra escrita como ferramenta de confronto, não como passatempo de tela.

 

O PREÇO DE TER OPINIÃO 

 

Ao longo da estrada, percebi o preço de ter opinião. Quem hoje aplaude uma denúncia feita por conveniência, amanhã atira a primeira pedra quando o alvo se aproxima de sua sombra. Tapinha nas costas? É só até a primeira vírgula que desagrada. Quando o bicho pega, não sobra um sequer para testemunhar a seu favor, muito menos para dividir o peso de um  processo.

 

Mais velho, mais sóbrio, talvez menos impulsivo, decidi ressuscitar um velho conhecido: o Contraponto. Um blog que, pretendo, seja desafinado com o coro dos satisfeitos. Sinto saudade do Zé Ninguém, personagem que, sem medo de cara feia, calou muita gente graúda em Porto Seguro. E se tiver que recomeçar, que seja com a mesma coragem. Porque os tempos mudaram, sim. Mas, ao que tudo indica, estamos de volta aos velhos tempos.